Notícias

Aids: Medicamento preventivo não incentiva que se deixe de usar camisinha Aids: New preventive drug does not incentive to stop condom use

Pesquisador da estratégia de prevenção no Brasil defende uso de medicamento como alternativaPrevention strategy researcher in Brazil defends the use as an alternative drug

12/02/2015

Pesquisas

Pesquisas apontam que a maior proteção do tratamento ocorre com o uso diário da pílula associada a outros métodos de segurança

Para algumas pessoas, o uso da camisinha durante a relação sexual é difícil, seja pela perda de sensibilidade, prazer ou até mesmo por alergia. A falta de alternativas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), nesses casos, muitas vezes acaba levando ao abandono completo ou parcial do preservativo, o que é preocupante em populações de alta vulnerabilidade ao HIV. Por isso, em países como Estados Unidos e Canadá, os governos locais vêm incentivando esses cidadãos a usarem uma estratégia nova de prevenção do HIV conhecida como PrEP, que consiste no uso diário de um remédio chamado Truvada para prevenir a doença. O tema ganhou o mundo e também está em discussão no Brasil, mas até quem defende o método alerta: a opção não é um incentivo para que se deixe de usar preservativo.

O medicamento, ao contrário do que se possa imaginar inicialmente, não faz milagres. Trata-se de um fármaco que combina duas drogas antirretrovirais (Emtricitabina e Tenofovir), que é comercializado desde 2004 nos Estados Unidos originalmente para tratamento das pessoas já infectadas. Em 2010, o Truvada – que pode provocar efeitos colaterais leves como vômitos – foi aprovado também para o uso preventivo para o HIV e, segundo estudos, a droga consegue reduzir em até 99% a chance de infecção pelo vírus. No entanto, as pesquisas apontam que essa proteção do tratamento ocorre somente com o uso diário da pílula associada a métodos tradicionais de prevenção, como da camisinha.

A defesa dessa estratégia de prevenção para pessoas não-infectadas, também está sendo analisada no País – por meio do estudo PrEP Brasil – e tenta vencer preconceitos. De acordo com o infectologista Ricardo Vasconcelos, um dos responsáveis pela iniciativa na Universidade de São Paulo (USP), a reação inicial a esse conceito é geralmente negativa.

“A primeira reação de médicos mais velhos é achar que isso é loucura. Eles questionam se eu acharia mais fácil uma pessoa com exposição de risco ao HIV tomar um comprimido todos os dias do que usar camisinha. O que respondo é: não é melhor perguntar para a pessoa o que ela acha melhor, uma vez que ela já não usa camisinha?”, explica o Dr. Vasconcelos.

Segundo o especialista, é preciso dar uma opção para quem não consegue usar o preservativo. “Conversei recentemente com um rapaz de 21 anos – e já ouvi outros relatos semelhantes – ele me explicou que perde a ereção ao colocar a camisinha e precisava usar Viagra® para conseguir fazer sexo. Ou seja, o jovem tem uma saúde sexual ruim”, relata. O médico complementa que nenhuma pessoa que trabalha com PrEP recomenda não usar preservativo. “Se você pode, use. Se não, é preciso dar opção para que consiga se proteger”, adverte ao lembrar que os responsáveis pelo estudo oferecem preservativos e lubrificantes e “incentivam fortemente o uso deles”.

Dr. Vasconcelos lembra que aumentou o número de novos casos de pessoas com HIV no Brasil, especialmente entre os gays jovens e pessoas com mais idade. “Para esses grupos, é preciso que haja um aconselhamento diferenciado”, ressalta.

O PrEP Brasil tem o objetivo de analisar o uso de Truvada por 500 homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres transexuais com risco de adquirir a infecção pelo HIV. Cada participante será avaliado no período de um ano por uma equipe especializada de médicos, enfermeiros e psicólogos durante todas as visitas do estudo. Ao todo, cerca de 100 profissionais estão envolvidos em dois locais em São Paulo (USP e CRT DST-Aids) e um no Rio de Janeiro (Fiocruz). A iniciativa também vem sendo feita em outros países, como Reino Unido, Portugal e Austrália.

Além do uso diário do medicamento, os participantes terão acesso a aconselhamento para gerenciamento do risco de adquirir a infecção pelo HIV, além de testagem e tratamento para HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis. Exames laboratoriais também são realizados para detectar eventuais efeitos colaterais. Caso algum participante seja infectado por HIV, o uso de Truvada será interrompido e o tratamento antirretroviral será oferecido imediatamente.

A epidemia de HIV sempre foi algo dinâmico. Nós também temos que ser no seu enfrentamento, alerta o Dr. Ricardo Vasconcelos.

Para mais informações, acesse: http://www.prepbrasil.com.br

 
Pesquisas apontam que a maior proteção do tratamento ocorre com o uso diário da pílula associada a outros métodos de segurança

 

Researches

Researches show that the greater protection happens when the pill is associated to other safety methods

For some people, using condoms during sex is difficult, whether for the loss of sensitivity, pleasure or even allergy. The lack of alternatives for preventing STDs, in these cases, many times leads to the complete or partial stop of condom use, what is worrying in high HIV vulnerable populations. This is the reason why in countries as the USA and Canada, local governments have encouraged these citizens to use a new HIV prevention strategy known as PrRP, which consists on the daily use of a drug called Truvada to protect against the disease. The theme spread worldwide and is also being discussed in Brazil, but even those who support the method alerts: the option should not replace condoms.

The drug is not miraculous as some may think. It is a drug that combines two antiretroviral drugs (Emtricitabine and Tenofovir), which is already sold in the USA since 2004, at first for treatment of those already infected. In 2010, Truvada – which can cause light side effects as vomiting – was approved for HIV prevention and, according to studies, the drug is able to reduce up to 99% the chance of infection. However, researches show this protection only happens when the pill use is combined to other traditional prevention methods, as condoms.

The use of this strategy for non-infected people is also being analyzed in the Country – through the PrEP Brazil – and is fighting stereotypes. According to the infectious diseases expert Ricardo Vasconcelos, one of the responsible for the initiative in the Sao Paulo University (USP), the initial reaction to this concept is usually negative.

“The older doctor’s first reaction is to consider this insane. They question whether I would think it is easier for an HIV-exposed person to take daily pills rather than using a condom. What I answer is: isn’t it better to ask the person, since condoms are not being used?”, explains Dr. Vasconcelos.

According to the expert, there must be an option for those who cannot use condoms. “I recently spoke to a 21-year old youngster – and have heard similar stories – and he told me that he loses his erection when using condoms and had to use Viagra® to have sex. This is, this young man had poor sexual health”, he says. The physician said also that no one working with PrRP recommends the non-use of condoms. “If you can, use it. If not, there must be options for you to protect yourself”, adverts while reminding those in charge of the study offered condoms and lubricants and “strongly advise their use”.

Dr. Vasconcelos reminds the number of new HIV cases in Brazil has increased, especially among gay youngsters and older populations. “For these groups, there must be a differentiated advisory”, he stresses.

PrEP Brazil seeks to analyze the use of Truvada among 500 men who have sex with men (MSM), transvestites and transsexual women at risk of HIV infection. Each participant will be evaluated during one year by a specialized team of physicians, nurses and psychologists during all study visits. At all, some 100 professionals are involved in two places in Sao Paulo (USP and CRT DST-AIDS) and one in Rio de Janeiro (Fiocruz). The initiative is also being conducted in other countries as the UK, Portugal and Australia.

Besides the daily use of the drug, the participants will have access to counseling to monitor the risk of HIV infection, besides testing and treatment for HIV and other STDs. Laboratory exams are also conducted to detect eventual side effects. If a participant is infected by the HIV, the Truvada use will be ceased and the antiretroviral treatment will begin immediately.

“The HIV epidemic has also been something dynamic. We have to be as well to fight it”, alerts Dr. Ricardo Vasconcelos.

For more information, access: http://www.prepbrasil.com.br